Drive é baseado no livro homônimo de James Sallis e conta a história de um piloto profissional (Ryan Gosling) que trabalha como dublê em cenas de perseguição de carros para produções cinematográficas. Ele ainda é mecânico e usa sua destreza no volante como motorista em assaltos. Manter a ambiguidade sobre qual dessas três atividades é sua verdadeira profissão e quais são apenas bicos é um dos méritos do enredo. Na primeira parte do filme, o espectador é apresentado ao mundo solitário do protagonista de poucas palavras, chamado apenas de driver (o piloto, na tradução para o português). A ausência de nome para o personagem principal mostra que ele é definido por sua função, não por quem ele é. Tanto o diretor Nicolas Winding Refn quanto o roteirista Hossein Amini passam a ideia que ele foi escolhido por essas tarefas, graças a um talento inato, e não o contrário. Porém, quando driver conhece Irene (Carey Mulligan), uma jovem mãe que espera o marido (Oscar Isaac) sair da prisão, deixa transparecer uma necessidade de conexão com pessoas que não os agentes de cinema e bandidos com quem convive. Ela é o contraponto à brutalidade do ambiente que cerca o piloto. Claro que o fato do esposo de Irene ser solto irá interferir no desfecho do protagonista, ainda que de uma forma menos óbvia – e mais violenta – do que o esperado. Decidido a usar todas as suas habilidades para ajudar essa família no pagamento de uma antiga dívida com a máfia, ele acaba se envolvendo numa trama que se mostra bem maior do que inicialmente aparentava.
Drive concorreu ao Oscar apenas na categoria Melhor Edição de Som, mas isso não é um nenhum indicativo quanto à qualidade da obra. Gosling e Mulligan estão impecáveis em papéis que poderiam ficar estereotipados se fossem interpretados por atores menos talentosos. Outro aspecto marcante é a fotografia de Newton Thomas Sigel com vários elementos que remetem à década de 80 e reforçam a atmosfera de romance pulp do texto de Sallis. Bem pensada, a trilha sonora colabora para o clima de pesadelo ou sonho (cabe a quem assiste julgar qual dos dois) presente no filme. Foi esse cuidado com os detalhes que rendeu a Refn, merecidamente, o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes.
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Ótima resenha. Desperta a curiosidade sobre o filme adiantando alguns elementos da trama, sem tirar a surpresa do desfecho.
Vou assistir.
Graça
ótimo filme e trilha sonora! Acredito que em breve ficará marcado como um “cult médio” no estilo Fight Club e Pulp Fiction (apesar de não se parecer nem um pouco com ambos). Outra questão muito bem elaborada é a relação do driver com Irene, já que eles não chegam a relacionar-se amorosamente durante o filme embora claramente note-se uma atração entre ambos. Drive é um ótimo filme